sábado, 14 de junho de 2008

The grieving soul.

Vi um fantasma virar a esquina, segui-o com curiosidade, ao entrar no beco olhei para a frente e encostada a parede lá estava ela, olhos azuis, cabelo negro, um vestido de noite a cobrir o seu belo corpo. Tentei aproximar-me, “Não te chegues, é perigoso”, comecei a ouvir um zumbido ensurdecedor e a visão a desfocar, fechei os olhos.

“Onde estou?” tudo o que vejo e ouço é um tecto branco e um gemido ao meu lado, apercebo-me que estou num hospital, “Ah, estou a ver que já acordou!”, ao meu lado uma enfermeira idosa, com uma expressão bondosa olhava para mim. “O que me aconteceu?” “ Como vim aqui parar?”, “Você foi deixado a nossa porta desfalecido e mais do que isso não sei”, de repente a imagem daquela rapariga invadiu a minha mente, “Obrigado, agora se não se importa gostava de descansar”, com isto a enfermeira levantou-se e foi embora.

Sai do hospital e fui para casa, pelo caminho pareceu-me ver aquele “fantasma” pelo canto do olho, mas quando olhei não estava lá nada.
Todos os dias quando ia para ao trabalho passava pelo beco e esperava encontra-la lá como naquela noite, mas não passava de esperança.
Os anos passaram, mudei de casa, de emprego, tive algumas relações falhadas, os meus familiares morreram, fiquei sozinho, a única coisa que continuo imutável, que me ajudou a manter a sanidade foi aquele beco e a imagem da rapariga.

Estou no meu leito de morte e todos os meus arrependimentos surgem no seu estado bruto, o que fiz, o que podia ter feito, quem amei e quem podia ter amado, um grande desgosto esburaca o meu coração, para tentar evitar a dor viro a cabeça na almofada e fecho os olhos.
“Não pode ser, é impossível” com toda a esperança perdida abro os olhos e lá estas tu, sentada no parapeito da janela deste velho louco, igual como se para ti todos estes anos não passassem de meros segundos.
“Quem és tu? “Porque só te mostras agora?” “Tanto tempo e ainda não adivinhaste? Julguei-te mais inteligente, afinal não me apaixono por qualquer humano”um sorriso iluminou-lhe a cara. “Já tinha posto a hipótese, mas nunca pensei que fosse verdade. Isto quer dizer que vou morrer finalmente? Escapar de toda a tristeza e monotonia que foi a minha vida” “Não meu amor, significa que finalmente vais viver a tua vida real, a meu lado para sempre”Ela estendeu-me a sua mão, senti o meu corpo a flutuar, pus-me em pé e olhei para o espelho, a cara que este reflectiu não era do velho decrépito deitado numa cama apenas a espera de morrer, mas sim a de um jovem nos seus 20 anos. Caminhei para ela e juntos de mão dada saímos pela janela e caminhamos pelo céu até se ver apenas o rasto nas estrelas deixado pelas nossas pegadas!

“Só mais uma pergunta, porque não me levaste logo naquele dia, porque me fizeste sofrer?”

” Ora meu amor, todos temos de sofrer para descobrir a nossa humanidade….”

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Untitled 3

I was 19 when I made a good friend. She was a demon.
She had a part-time job in a library owned by her father and, occasionally, she'd invite us there.
The library was quite nice. There were a lot of fireplaces and screams from the pits of hell. Our voices echoed in the distant ceiling of the entrance hall, coming back in strange deep tones and sounding more or less like 'BOGOHLAGATH! SHOBOROGOTH!!'
Those were happy days.
But, as these things usually go, she vanished one day, along with the library, without saying anything to anyone. Except to me.
She appeared in my room the night before and said 'I have to go now, John.' My name wasn't John, but she called me like that no matter what. She said it was the first name my mother gave me, before my hip grandmother came and showed her a list of unusual, new-age names.
'Will we ever meet again?' I asked.
'I don't think so, John. I seriously doubt it.'
'Why?'
'You are a good person, John. You help your parents. You will save people. You will give a life of happiness to your wife. And good people, John, usually end up in a completely different place than hell.'
And with that, she climbed my bedroom's window and jumped into the dark.

Well, time went on. I married. My wife couldn't have been happier than I was. We had children, a couple of hyperactive brats. We were even happier than before, if that was possible. We grew old, our children left our house. We moved to a quiet neighbourhood, into a house with no stairs. My children had children. We were so proud.
And then, with 79 years, I died. While I was lying sick on the bed, I muttered, '... as if this tiny cold would kill me,' and passed away, with less-than-dignifying last words.

My friend was right, I didn't end up in hell. I got a small occupation in this new place, installing newcomers and organizing tours. While these peaceful days go by, I wait patiently for the day when my wife comes to me.
And, sometimes, when we have a little free time, I fly to the lowest clouds hanging over Earth and I wait for her, my friend that I met so long ago.
'Hello, John!'
Sometimes, we play cards. Others, she tries to teach me how to play bridge.