terça-feira, 20 de maio de 2008

A pequena Odete.

É neste mundo obscuro que encontramos a pequena Odete. Tímida e recatada, Odete nunca conheceu nada mais a não ser a sua casa cujo o aspecto era aquele de um palácio saído de uma história de encantar. É no salão de jantar, a sua divisão preferida que a encontramos, sentada nos degraus que dividem os dois pisos da divisória, a olhar para cima, a admirar através dos seus grandes e brilhantes olhos verdes, as imagens do seu tecto abobadado. Ela gostava bastante desta secção da casa porque, apesar de ser bastante ampla, ela sentia um conforto aqui que mais nenhum lugar lhe transmitia. Com as suas paredes de betão, cobertas de trepadeiras, onde pequenas rachas deixavam uma brisa fresca penetrar na divisão, os seus grossos pilares de mármore enegrecidos pelo passar do tempo e o chão de madeira de Rowan com algumas tábuas já a levantar, era aqui que ela se sentia feliz. Baixou os olhos, e começou a observar ao seu redor, o seu velho sofá de couro, com os braços de madeira trabalhados dando a impressão que destes rosas pingavam o seu sangue, continuava no mesmo sítio onde ela se lembrava de o ver desde que nasceu, ao seu lado como irmãos, dois cadeirões velhos, com o seu forro quebrado pelos anos de uso. À sua frente, uma barata passeava na mesa de Cedro, com cuidado a Odete tirou a navalhinha que o Pai lhe tinha oferecido, levantou-se, e sorrateiramente aproximou-se da barata, de repente um silvo trespassa o ar e um grito agudo é solto, com um movimento rápido, a rapariguinha espetou a barata na ponta da sua navalha. Levantou a barata ao nível dos seus olhos e com o sorriso inocente de uma criança, começou a observar a sombra projectada no tampo da mesinha, pela luz negra que um grande lustre que pendia do céu emitia.

1 comentário:

Unknown disse...

"Tiiititititiitiiii" disse a barata, tentando transmitir à pequena Odete a mensagem universal de paz e amor que a sua espécie tinha sido incumbida pelos deuses de espalhar pela Terra.

*was stabbed*