quarta-feira, 30 de julho de 2008

O fim trágico da pequena Odete

Um pouco de poeira caiu-lhe em cima da cabeça, Odete olha para cima e vê uma pequena racha a formar-se no tecto. Poisa a navalha com a barata ainda a espernear na mesa, sacode a poeira do cabelo, levanta-se, limpa o seu vestido e começa a andar pela sala de forma a conseguir ver melhor a racha. Esta continua a aumentar até que um tímido raio de luz invade a sala.

Um misto de terror e curiosidade toma conta de Odete, ali a dançar a sua frente, um raio de sol, a única coisa de que tinha sido proibida de alguma vez tocar. Ela pondera durante um ou dois minutos e apesar de todos os avisos do seu Pai, decide aproximar-se.

Estica a sua pequena mão e sente o calor que o raio emana, era agradável, envolvente, e a sua luz de um dourado translúcido era bela, harmoniosa.

Com desejo de sentir mais, Odete tira o seu vestido preto, poisa a borboleta escarlate que adornava o seu cabelo e deixa-se banhar totalmente pela luz.

Um grito lancinante atravessa a casa, o seu Pai acorre a sala, mas era tarde demais, já nada restava de Odete. A sua Mãe finalmente chega, encontra o seu marido de joelhos, a chorar com o vestido numa mão e a borboleta na outra, a repetir constantemente.

“Eu disse-te para nunca te aproximares da luz…”

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